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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

As jabuticabas da Elis







Elis quando nasceu ganhou um pé de jabuticaba.


Era uma mudinha miúda, pequenina. Passou por momentos em que chegamos a pensar que não fosse vingar, mas hoje ela cresceu, tem cara de árvore criança, que ainda vai crescer muito, mas que já dá frutos. Na casa do vovô Paul, em meio a flores e plantas ela cresce sadia e mostra como é frágil e forte a vida na natureza. Neste último fim de semana fomos à Búzios, e Elis pôde provar as delícias pequeninas de sua árvore! Doces e brilhosas, as bolinhas roxas encantaram Elis, e junto com o sabor, a experiência de colher do pé uma fruta. Senti uma alegria tão grande ao ver isso! Cresci vendo meu pai plantar lindas flores, cultivar suas hortas e cozinhar coisas maravilhosas. Já fui escolher leitãozinho pro abate e sentei no alto da mangueira pra comer mangas verdes com sal. Em dia de festa pulava o muro do vizinho e roubava jasmins cheirosos pra enfeitar a sala junto com grandes buquês de flamboyants e buganvilles. Essas são pra mim, algumas de muitas lembranças boas da infância. Lembranças simples, mas com grande valor. Isso é o que eu acredito que seja a verdade da vida. Aprender de onde vem as coisas que você come. Ver as flores que ela vê na feira, vivas na terra. Que o ovo vem da galinha, que o coco do coqueiro e a manga da mangueira. Que os gatos podem subir nos telhados e nós não.
Quando estou em Búzios, tudo isso vem à tona. Todos esses ensinamentos tão primitivos, e que parecem óbvios chegam aos olhinhos e aos sentidos de minha Elis, e eu tenho a certeza de que isso é o que importa. Principalmente agora, quando tudo são sentidos, tudo é o que se sente. Daqui a alguns anos, outras coisas vão ser importantes pra ela. Hoje são as coisas mais simples, o que ela absorve de forma mais singela e crua. Que ela pode aprender com os olhos, com o olfato, com o tato. Quando ela pisa na grama e sente que há pequenas formigas caminhando entre as folhas. Quando ela vê flores coloridas, e pode sentir seu cheiro doce, quando os peixes são alimentados por suas pequenas mãozinhas e a gatinha que está pedindo carinho de repente corre, pula e sobe no muro.


Eu me pergunto então se estou sendo coerente com meus valores, com o que acredito ser uma infância de verdade. Tenho medo de estar roubando tudo isso da Elis. Ao mesmo tempo, me sinto muito feliz por poder oferecer isso à ela. Por ter a possibilidade de, pelo menos, em alguns fins de semana ela viver essa realidade... É complicado escolher.


Os presentes que ela tem de sua avó Lali e seu avô Paul, não são brinquedos super bacanas, são outras coisas, mais simples, mas muito consistentes, que eu acho muito, muito importantes. Eu na verdade tenho de agradecer a cada um desta família que dá o que pode, com tanto amor, à minha pequena preciosa.

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